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Série Leitores: Guilherme Magalhães

Por Mercado Livros
22/08/2013
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Guilherme na Cosac Naify, uma editora de São Paulo.

Guilherme Magalhães estuda Jornalismo na Universidade Federal do Paraná (UFPR), ele trabalha na Biblioteca Pública do Paraná e é apaixonado por livros. Para Guilherme, os livros foram uma espécie de irmão – já que ele é filho único – e sempre o ajudaram a fugir um pouco da realidade e a melhorar a escrita. Abaixo você confere a entrevista para a Série Leitores.

 

Você lembra qual foi o seu primeiro livro?

Vixe, o primeiríssimo não lembro. Mas sei que aprendi a ler lendo revistas Quatro Rodas, curto carros desde pequeno. E o primeiro que realmente despertou algo em mim foi “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Li aos 9 anos, antes até do filme e da série virar o fenômeno que virou. E acho que foi o meu primeiro livro com mais de 200 páginas!

O que a leitura despertou em você? Em que aspectos ela mudou ou teve algum impacto na sua vida?

A leitura se mostrou o irmão e a irmã que nunca tive. Não que eu esteja reclamando por ser filho único, pelo contrário. Mas a falta de uma companhia debaixo do mesmo teto (porque primos, sempre tive aos montes) acabou me empurrando pros livros. No início, era esse impacto de ter uma companhia. Hoje, vai muito além disso, claro.

Já falaram muito sobre o fim do jornal e até dos livros impressos. Você acha que as pessoas estão com cada vez menos tempo e desinteresse em se dedicar à leitura e por isso hoje precisam de informações rápidas? Você considera isso bom ou ruim?

Que as pessoas estão com cada vez menos tempo, é sabido. Mas acho que aqui estão colocadas duas questões diferentes: a leitura da informação, ou seja, do jornal e da revista; e a leitura de literatura. Acho mais plausível acreditar no fim do jornal impresso do que no do livro impresso, simplesmente porque ao buscarmos um livro, estamos tentando nos desconectar de alguma forma do que nos cerca. Sei que pode soar clichê, mas é assim que é, você quer dar um tempo da sua realidade e entrar na realidade daquela história. O e-book é prático, mas não substitui o “momento” que você tem ao segurar um livro de papel. A possibilidade de fetichização do livro impresso que me faz acreditar fortemente na sua sobrevivência por um bom tempo ainda, diferente do jornal. E é sempre ruim as pessoas dedicarem menos tempo à leitura.

O que você acha que deve ser feito para que as pessoas, principalmente as crianças, se interessem cada vez mais pela leitura e tenham o hábito de ler? Você procura fazer algo nesse sentido?

O primeiro passo é trazer o livro para perto do leitor. Como exemplo, vou citar o recente projeto das Tubotecas, desenvolvido pela Prefeitura de Curitiba. O projeto não é perfeito, a falta de livros é visível e se reflete nas estantes sempre vazias. Sim, os usuários estão emprestando e teoricamente, podem ficar o tempo que desejarem com o exemplar. Mas a quantidade bastante insuficiente de obras, e especialmente das literárias, é um grave problema das Tubotecas. Mas algo de muito positivo deve ser ressaltado ali: o fato de elas colocarem o livro ali, do lado do usuário que dificilmente frequenta uma biblioteca. Deslocar-se até uma biblioteca é difícil caso você não tenha desenvolvido o hábito pela leitura. Colocar o objeto livro ali próximo do usuário e, pelo menos no início, não impor “regras”, é um importante passo para formação de leitores. Preciso passar um pente fino nos meus (muitos) livros e começar a doar.

Quando você lê alguma história quais sentimentos são despertados? Você tem um tipo de livro favorito?

Eles variam muito, logicamente. Meus livros favoritos costumam ser romances. Acho conto muito curto e poesia deve ser lida em pílulas, não num só fôlego porque não funciona, pelo menos comigo.

O que a leitura te ajudou na sua formação como jornalista? Você acredita que a leitura melhora a escrita, a interpretação e muitas outras habilidades?

Sem dúvida alguma! Ler é ter mais e mais contato com a língua e as palavras. Numa profissão cujo ganha-pão vem destes elementos, ler livros, não importam quais, é fundamental. O José Castello, um de meus críticos literários favoritos, é também jornalista e certa vez disse que ler ficção (a boa, claro) é importante pro jornalista que deseja escrever bem, ainda que nós trabalhemos com a realidade. Leia um romance de um grande autor e veja se sua percepção de texto não começa a melhorar.

 

por Thays Kloss