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Entrevista com Os Tapetes Contadores de Histórias

Por Mercado Livros
23/04/2015

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Por André Nunes

Em cartaz na Caixa Cultural de Curitiba até 31 de maio com uma exposição, contações de histórias e oficinas (com 25 vagas por turma), tudo gratuito, o grupo carioca Os Tapetes Contadores de Histórias criam e utilizam objetos (tapetes, painéis, malas, aventais, roupas, caixas e livros de pano) como cenários de contos autorais e populares de origens diversas, para despertar o imaginário de crianças, jovens e adultos para as artes e a leitura.

Criado em 1999, com sete membros formados em Artes Cênicas pela UniRio, o grupo baseia sua pesquisa nos contos de tradição oral e da literatura em geral, além das intersecções entre oralidade e artes visuais. Para os Tapetes Contadores, contar e escutar histórias proporciona uma qualidade de contato entre as pessoas que permite um profundo e prazeroso intercâmbio de experiências: atua tanto na construção de valores como contribui para a formação de uma percepção crítica e sensível da vida, da arte e da sociedade.

A MercadoLivros conversou com o peruano Edison Mego, um dos contadores do grupo, que falou um pouco mais sobre a experiência de percorrer o Brasil com a proposta dos Tapetes Contadores de Histórias.

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Como foi seu envolvimento e entrada no grupo dos Tapetes Contadores de Histórias?

Edison Mego: Acredito que foi parecido com a história dos outros membros, através do teatro, isso já faz 16 anos. Em 1998, nós conhecemos um artesão francês que faz tapetes e é contador de histórias, que também tem um trabalho interessante como ator. Nos conhecemos no Rio de Janeiro, sentimos uma empatia muito grande pelo trabalho dele, e de uma hora para outra, eu me vi como contador de histórias. Na verdade, até então, eu nunca me vi como contador até então. Acho que só tive consciência disso quando estava na minha pátria, no Peru, e me vi contando histórias para meus primos, e percebi que estava levando eles a outros lugares! Foi uma constatação de algo que já vinha fazendo…

Tudo começou para você no Brasil, então? Como é a relação das pessoas com a contação de histórias no Peru?

Edison: Entao, foi através do teatro que conheci o mundo da contacao de histórias. Cheguei ao Brasil em 1996 para fazer faculdade de teatro, dai em diante comecei a me envolver como contador de histórias. O que me chama atenção é a forma como as pessoas assimilam as histórias, a forma como elas assimilam a realidade e a tradição oral através dos contos. Tanto a cultura andina, inca e pré-colombiana quanto a cultura do interior do Brasil, dos cordéis nordestinos, trazem esses aspectos da tradição oral. Cada uma com suas características, mas todas muito ricas. Isso é fenomenal.

A contação abrange todas as idades, ou é voltada apenas para as crianças?

Edison: Essa foi uma pergunta que o grupo também se fez em determinado momento! A ideia é que contamos para a infância, não para crianças. Dizemos que contamos histórias para crianças de 2 a 99 anos… Todo mundo acaba se envolvendo com os contos e gostando. Tentamos evitar esses rótulos, o gosto pelas histórias não tem idade. Aqui, recebemos grupos de todas as idades, de crianças até senhoras.

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Os Tapetes Contadores estão rodando o Brasil com este projeto. Como está sendo para vocês?

Edison: Sim, atraves de um edital com a Caixa Cultural mesmo. Ja estivemos, além do Rio, em Salvador e agora em Curitiba, onde ficamos por dois meses, até o final de maio. Depois, vamos para Recife e Fortaleza, até o final do ano. Para isso, tivemos que nos dividir, um rodízio entre os sete membros. Além das contaçōes, oficinas e da exposição, vamos fazer também rodas de histórias. Vamos convidar contadores da cidade, alunos e pessoas que gostam para fazer essa troca de histórias. Também queremos fazer uma mesa redonda, um bate papo. Toda a programação está disponível no nosso site e Facebook, e no site da Caixa.

 

Serviço:

Data: De 11 de abril a 31 de maio
Horário: De terça a sábado, das 10h às 20h e domingo, das 10 às 19h (exceto em horário de apresentações)
Local: Galeria Mezanino da Caixa Cultural (R. Conselheiro Laurindo, 280, Centro)
Entrada gratuita (a visitação da exposição deve ser feita sem sapatos)

Saiba mais informações sobre o grupo pelo site www.tapetescontadores.com.br.